quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Descubra como a mandioca veio parar no cardápio
A produção de farinhas de mandioca, o mais importante dos sub-produtos da planta, era um trabalho essencialmente feminino. Depois de arrancar as raízes as índias ralavam o alimento em uma espécie de prancha de madeira cravejada de pedras pontudas. A massa resultante era então passada no tipiti, instrumento de tranças vegetais feito para escoar a manipueira (calda venenosa pela presença de ácido cianídrico), e levada a grandes panelas de barro sobre o fogo.
Sem parar de mexer, as índias deixavam a massa ser cozida até atingir o ponto desejado. Era o acompanhamento indispensável de carnes, peixes e frutas. Havia dois tipos principais. A farinha fresca, que durava somente três dias; e a chamada farinha-de-guerra, que deixada torrar bastante no fogo, durava mais de um ano. A farinha-de-guerra ganhou esse nome por integrar o farnel das expedições guerreiras tanto de índios, quanto de portugueses. Outra curiosidade: a forma de consumo da fariha pelos índios foi apelidada pelos europeus de arremesso, isso porque eles pegavam a farinha com os dedos, fazendo um punhado, e atiravam à boca sem deixar cair um grão sequer.
A farinha também deu origem ao pirão - conhecido também por mingau, uma papa grossa feita acrescentando-se o caldo quente de peixe ou de carne à fécula. Mais tarde, com a fusão de técnicas e ingredientes, portugueses introduziram o sal, temperos, caldos de aves, leite, açúcar e farinhas de outras plantas. O pirão é um alimento básico, copyright by Brazil, como escreveu Cascudo, e entrou para as trovinhas nos séculos seguintes - "Sem pirão, / Não vai não!", "Com mulher e pirão, faz-se a função" e "Não há animação/ Sem pirão!". Outra iguaria da culinária indígena feita a partir da mandioca é o beiju, uma farinha bem branquinha. É produzido com manipueira seca ao sol e evaporada se cozida no fogo. As índias colocavam essa fécula numa espécie de frigideira e deixavam aquece-la até se tornar consistente. É da manipueira sem o veneno que também se produz o tucupi - o caldo com pimenta.
Mas a farinha não era usada apenas para comer. Do cozimento e da fermentação da raiz, acelerada pela presença da saliva dos índios, ao mastigar a planta, obtinha-se o cauim. Era com essa bebida alcoólica, que os índios celebravam a próxima realização de um banquete antropofágico. Era também consumida em velórios e em confraternizações com caraíbas - palavra tupi que designa homem branco, o europeu - entre outras ocasiões. Pelo mesmo processo da fabricação do cauim, as índias produziam bebidas fermentadas de frutas.
Saiba mais:
Mitos sobre a mandioca
Receitas de mandioca
Texto extraído do livro História da Gastronomia Paulistana.
São Paulo: Guia D. Ltda
Twitter arrasador
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Orgânicos versão multimídia
Gente, precisei retirar o arquivo do ar, quem desejar visualizá-lo novamente, solicite pelo paula.cochrane@ gmail.com
domingo, 25 de outubro de 2009
Reportagem multimídia: uma releitura do tradicional
O primeiro deles foi a reportagem sobre a Tsunami na Oceania. Esse conteúdo ficou interessante porque estava exposto em texto, galeria de imagens, infográficos , animações e muitos hiperlinks que me permitiram compreender o fenômeno natural e suas consequências. Além disso, achei muito oportuno o jornal conclamar os internautas que estavam no local do fenômeno a enviarem seus vídeos-amadores.
De todos as reportagens que investiguei, considerei o formato de disponibilização da informação do Clarin (integrada em uma espécie de hotsite) mais interessante do que as praticadas pelo G1 (com as partes separadas).
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
O tempero da Bahia
Paula Cochrane
Andar pelas ruas do Pelourinho, inebriado pelo perfume do acarajé. Sentir o sopro de quem vem ladeira acima, com o molejo dos que tem a pele cor de cravo-e-canela. Tudo isso, aliado ao mar verde-esmeralda, água quentinha, inspiração para tantos artistas: de Caymmi a Gil, de Caetano a Dodô e Osmar. A Bahia é a terra da diversidade, o lugar de todos os santos.
Quem visita esse lugar, mergulha na História do Brasil. Cada Igreja é um registro histórico, com direito à imersão profunda no folclore local. Participar da roda de capoeira, ao som do berimbau, é experiência ímpar. O artesanato reflete a religião e os rituais de um povo mestiço, que traz em suas crenças orixás, babalorixás e, como não poderiam faltar, seus patuás.
A cultura baiana é um convite ao imaginário, construído com o tom colorido e expressivo das manifestações de um povo eclético, rico em rodas de samba, afoxés, puxadas de mastro e tantos outros festejos e ritos instigantes. Diversidade, cor, alegria, poesia, uma mistura irresistível, o segredo do tempero da Bahia.
E você, do que mais gosta: história, culinária, riquezas naturais ou sincretismo religioso? Poste neste blog a sua opinião. Vote no que mais lhe agrada dentro de toda essa baianidade estonteante.
domingo, 4 de outubro de 2009
Rss & Feeds
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Algumas considerações sobre Cibercultura
O artigo de Murad discute a Cibercultura como atitudes, modos de pensamento e valores condicionados pelo Ciberespaço. A autora, sob a ótica Pierre Lévy, explica as implicações das novas tecnologias de comunicação e informação na cultura. De acordo com Lévy, a cibercultura “não é a cultura dos fanáticos da Internet, é uma transformação profunda da noção mesma de cultura”. Nesse sentido, trata-se da “universalidade sem totalidade”, uma vez que promove uma interconexão universal, mas comunica para um público heterogêneo e específico.
O ciberespaço está sempre em renovação, promovendo uma troca permanente de informações sobre os mais variados assuntos. Dessa forma, abre-se um espaço que pode ser explorado pelos diversos interessados como o próprio Estado, a mídia, as empresas e o cidadão comum.
Apesar de Lévy atribuir à mídia o papel de alimentar o sensacionalismo às custas da internet, o autor é otimista ao observar que o ciberespaço promove a prática da inteligência coletiva e pode ser explorado no plano “econômico, político, cultural e humano”.
Para o autor, as tecnologias (interfaces e tratamento, memória e transmissão das informações) não determinam essas mudanças comportamentais, mas criam condições para que elas ocorram. Lévy ressalta fundamentalmente as mudanças que a internet trouxe para a educação, com o estímulo à troca de conhecimentos. Nesse contexto, o professor transforma-se em um “animador da inteligência coletiva”.
Se por um lado o ciberespaço se configura como instrumento interessante para a educação, por outro, pode promover a exclusão e o caos informacional. Para a solução desses problemas, Lévy propõe que é preciso garantir o acesso ao ciberespaço. Em relação ao caos informacional, o autor confia nas instituições e na opinião pública enquanto controladores da do fluxo de informações.
Por fim, Lévy enfatiza que a cibercultura reduz a ignorância e vai de encontro à manutenção do status quo. A cibercultura é portanto, um movimento que confere ao cidadão a possibilidade de se expressar livremente, sem depender das redes tradicionais de comunicação.
O segundo artigo, escrito por Lamikiz traz outra abordagem, que acusa as multinacionais de se utilizarem da cibercultura e suas ferramentas para criar uma geração de consumidores.
De acordo com Lamikiz, é preciso “evitar que nós, cidadãos, acabemos convertidos em clientes". Assim como “é preciso dizer aos especialistas em marketing que o novo consumidor exige ética, e não estética. Que não vão enganá-lo com spots de TV sedutores, rostos bonitos, cores fosforescentes ou a canção da hora. “
Ao que parece, a abordagem trazida por Murad, pautada nas idéias de Lévy, traz concepções mais realistas a respeito da cibercultura e suas implicações nas atitudes do cidadão. O artigo demonstra como as tecnologias da comunicação e da informação podem agregar no processo educacional e na construção de uma inteligência coletiva para a transferência de conhecimentos na construção da cidadania.
Já o artigo de Lamikiz traz uma abordagem superficial e preconceituosa sobre a relação entre marketing e ciberespaço. Na ótica do autor, o cidadão é ingênuo, uma “pobre vítima” a ser tragada pelo marketing “vilão” das multinacionais. Nesse sentido, discordo do autor em duas frentes principais.
Em primeiro lugar, o público que acessa a internet constitui uma audiência qualificada, que não compra qualquer idéia com facilidade. Se esse mesmo público cai nas malhas de algum espertalhão, o problema é de falta de informação, que nos leva a uma questão bem mais relevante: a educação.
No Brasil, o sistema educacional é tão falho que é possível um indivíduo ter pós-graduação e, mesmo assim, ser um analfabeto funcional. Bem, se é assim, como um indivíduo sem instrução sólida vai saber negociar bem? Em qualquer situação ele estará à mercê de alguém mais esperto e, provavelmente, será induzido a fazer o que os outros desejam. Em outras palavras, é facilmente seduzido ao consumo. Mas isso não é culpa das empresas e, muito menos, do marketing! Se o consumidor tiver educação sólida, saberá selecionar o que realmente precisa, terá noção dos seus direitos, governará suas finanças pessoais.
Em segundo lugar, desde os primórdios da economia mundial, as relações são estabelecidas por trocas monetárias. Sendo assim, no capitalismo, é preciso lucrar para sobreviver! O que fazer agora? Vamos barrar as empresas de se apropriarem do ciberespaço para gerar lucro? O que há de errado com isso? Sem lucro, qualquer economia quebra! Por isso, não é possível pensar em um ciberespaço isento de questões financeiras, seja sob a ótica das empresas, do Estado ou do próprio usuário.
Observa-se, portanto, que o marketing não é o grande vilão da história, tampouco as empresas. É muito provável que a saída esteja na educação, ao se fazer com que os usuários da internet não sejam apenas inseridos no contexto da cibercultura (inclusão digital), mas também sejam cidadãos, capazes de interpretar a realidade de forma crítica, racional e construtiva.